Monday, October 17, 2005

Padrões Abertos Para Aplicações de Escritório

Uma iniciativa pioneira do estado de Massachusetts vem provocando um rebuliço na arena dos aplicativos para escritório, incluindo aí o famoso Microsoft Office. A divisão de Tecnologia da Informação (TI) do Estado está preocupado com a longevidade dos documentos digitais que possui hoje e que gerará no futuro. Sua política sobre padrões abertos é introduzida pelo seguinte texto:

O Estado deve garantir que seus investimentos em TI resultem em sistemas que são suficientemente interoperáveis para atender aos requisitos de negócios de suas agências para efetivamente servir a seus constituintes. Esta política foca a importância da aderência a padrões abertos dos investimentos do Estado.


Entre os padrões adotados pela nova política estão o OASIS Open Document Format, baseado em XML e o padrão adotado pela série de aplicativos livre OpenOffice, e o padrão PDF da Adobe. Devido a uma série de restrições de licença, o padrão DOC do Microsoft Word não foi incluído e a aquisição de novas licenças do programa pode cessar a partir de 2007.

A resposta da Microsoft inclui uma declaração que a definição do formato XML interno das aplicações Office está disponível desde que uma licença de uso seja assinada. Em outra declaração, a Microsoft afirma que o documento do governo de Massachusetts é confuso na definição do que é aberto.

Em sua próxima versão do Microsoft Office, a empresa pretende suportar XML nativamente, mas não vai abraçar o padrão OpenDocument. Ao invés disso, o aplicativo contará com filtros de importação de documentos.

Em paralelo, a Microsoft está desenvolvendo um padrão de documento muito semelhante ao PDF. Na opinião deste bloguista, este é o procedimento padrão da empresa:


  • Nunca abrace padrões abertos, pois isto irá corroer seu domínio do mercado.

  • Na ocorrência de padrões abertos, crie um novo padrão concorrente (WMA vs. MP3, por exemplo) para tentar minar a força do padrão aberto.

  • Se não for possível eliminar o padrão aberto, licencie-o e passe a adicionar "extensões" microsoft de forma que os concorrentes fiquem de fora (exemplos: extensões HTML contra o Netscape e extensões Java contra a Sun).



Se a onda imposta pelo governo de Massachusetts pegar, vai ser complicado a Microsoft manter a liderança no setor de aplicativos para escritório. Numa situação destas, o que vale é o conjunto de recursos e desempenho do software e não mais a compatibilidade com documentos de terceiros. Não seria bom isso?

Referências:
C|Net News.com: Massachusetts to adopt 'open' desktop
Governo de Massachusetts: Política de Padrões Abertos Adotada
Governo de Massachusetts: Link para a Divisão de Tecnologia de Informação do Estado

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