Hoje eu recebi um link para uma matéria do Uol Notícias falando sobre uma série de vazamentos na Nigéria que ocorre há 50 anos. Segundo a matéria, o volume de óleo chega a um Exxon Valdez ao ano! Fiquei absolutamente espantado com estes dados. Imagine o tamanho da tragédia diária enfrentada pela população da Nigéria há 5 décadas. Onde está a cobertura da mídia mundial sobre isso?
Certamente as empresas responsáveis pelos repetidos vazamentos por lá não estão sendo forçadas a criar fundos bilionários de assistência à população atingida ou o governo da Nigéria está determinando a interrupção de todas as atividades de perfuração de poços em suas bacias petrolíferas para avaliar o tamanho do problema e o que fazer frente a ele. é claro que há fatores atenuantes no caso africano, onde uma executiva do setor afirmou que 98% dos vazamentos são resultado de sabotagem ou roubo de equipamentos, mas isto não diminui a severidade do impacto.
O vazamento do Golfo do México - ou "
Golfo da América", segundo o
Stephen Colbert, âncora do programa de humor "
The Colbert Report", que disse: "Se nós quebramos, então nós compramos!" - está com "apenas" 58 dias e não ficamos um dia sequer sem que os noticiários dediquem ao menos um segmento do jornal ao vazamento. O pior disso tudo é que dificilmente vamos saber o que causou o acidente. Minha opinião é que, assim como em acidentes aéreos, não houve uma única causa, mas sim uma série delas: o
BOP (Blow Out Prevention) que falhou, os testes de pressão não realizados, a cimentação do poço que pode ter sido mal feita, os supostos problemas já conhecidos da sonda de perfuração que afundou entre outras tantas causas possíveis.
O fato é que as atividades de exploração e produção de óleo e gás em águas profundas e ultra-profundas exigem muita tecnologia de ponta e envolvem grandes riscos. Toda empresa de petróleo busca gerenciar a exposição ao risco através de diversas salvaguardas nas operações, mas desastres como este sempre podem ocorrer.
O que aprendemos nisso tudo é que a exposição ao risco ao perfurar no Golfo do México é muito maior que em outras partes do mundo, pois a visibilidade e o valor das reparações por acidentes estão mostrando que podem ameaçar a saúde financeira de qualquer empresa. O que eu antevejo é que haverá um aumento drástico no custo das operações no Golfo do México que irá, potencialmente, inviabilizar muitos projetos de desenvolvimento planejados e alguns em andamento. Por esta razão, minha expectativa é que as empresas de óleo e gás que operam no Golfo devem, a médio e longo prazo, deslocar uma parcela significativa dos investimentos futuros para outras áreas como as do pré-sal brasileiro, do território chinês e, porque não, da costa africana. Enquanto isso, na Nigéria...
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